Oi, todo mundo!
Há um tempo atrás fiz um
pequeno relato sobre o meu primeiro parto (clique para ler) e hoje queria falar sobre o meu renascimento como mãe e como mulher, já que finalmente consegui ter o meu tão sonhado VBAC! Mas, pra início de conversa, preciso explicar o que é um VBAC: Vaginal Birth After Cesarean (parto vaginal após uma cesárea). Achei
esse link aqui que dá uma explicação bem a meu modo, do jeitinho que acho que devem ser os VBAC's.
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Minha doula, Ana Paula, me massageando e meu marido aguentando firme! Foto feita pelo meu obstetra-fotógrafo que, enquanto eu fazia a minha parte, ele me assistia como deve ser. Como era no princípio!! |
Eram 5:30 da madruga do dia 26/10/15, estava com 38 semanas e 3 dias de gestação, quando minha bolsa rompeu parcialmente. Como isso já havia acontecido na minha primeira gestação e o rompimento foi total, sabia que com aquela quantidade de líquido que saía eu poderia ficar tranquila, pois era bem pouco comparado à primeira vez. Tentei me manter calma, mas é difícil quando você sabe que o momento do nascimento da cria se aproxima. Avisei ao meu marido e dormi de novo até às 7h, quando meu filho mais velho acordou e veio pra minha cama e meu marido começou a se arrumar para ir ao trabalho já que eu não sentia dor alguma e já tinha entrado em contato com minha doula, Ana Paula Diaz Spina, e também com meu obstetra, Dr. Frederico Bravim Vitorino.
Um pouco depois percebi que a coloração do líquido amniótico estava um pouco alterada, deveria estar incolor, mas estava amarelado. Suspeitando que fosse mecônio, comuniquei à Ana que logo em seguida entrou em contato com meu obstetra e a orientação era para que eu fosse até o hospital ser avaliada pelo Dr. Frederico que estava de plantão no Apart Hospital. Chegando lá às 9h, na companhia da minha mãe, comecei a ter cólicas leves, de 2 em 2 minutos, mas não tinha dilatação e o colo estava grosso, ou seja, nada ia acontecer naquelas horas. Assim, o combinado com meu médico era que eu voltaria pro hospital caso as dores começassem e se intensificassem, senão, esperaria até as 18h pra retornar e avaliar o que seria feito. E foi o que aconteceu.
Almocei, dormi, caminhei, agachei, rebolei...e nada. Na avaliação do meu médico, a solução seria uma indução com ocitocina, pois já estava com a bolsa rota há umas 13h. Minha doula sugeriu, já sabendo que eu não gostaria de usar hormônio sintético nem medicamentos, que tentássemos essa indução com acupuntura e homeopatia. Foi o que eu fiz!!!! Melhor decisão que pude tomar! Me internei e liguei pra minha acupunturista, Ana Luíza Brandão (que me acompanhou desde antes de eu engravidar, todas as semanas) que me atendeu prontamente. Quando o Dr. Frederico chegou no quarto eu estava lá, cheia de agulhas pelo corpo e fios ligados nelas (tá aí mais um tema pra post, hein!!), logo depois, quando a acupuntura acabou, chegou a Ana Paula com as bolinhas homeopáticas, a tal da Pulsatilla, que logo comecei a tomar...
Durante a acupuntura as contrações começaram, mas dentro de mais ou menos 1 hora as tão sonhadas contrações dolorosas, as do trabalho de parto mesmo, tiveram início, e de 2 em 2 minutos!!! Tudo começou rápido demais, fiquei até meio atordoada achando que era exagero meu. Comecei, sem perceber, a vocalizar...ou melhor, a gritar. Era um grito que saía das entranhas, sem fazer força, ele vinha sem que eu percebesse, sem que eu pudesse controlar, era algo animalesco, meio primitivo e acompanhava o ritmo das contrações. A dor era muito intensa e o tempo de descanso muito curtinho, achei que não fosse aguentar. Meu marido como apoio (literalmente) durante as contrações e minha doula me lembrando o tempo todo que eu queria muito aquilo, que eu havia lutado por aquele momento, não me deixaram desistir.
Havia apenas 1 hora e meia ou 2 horas que eu estava em TP, não consigo precisar o tempo muito bem, a contagem de tempo pra uma mulher parindo é muito confusa. Fui pro chuveiro quando meu médico fez o segundo e último toque de toda minha gestação: já estava com 7 centímetros de dilatação! Nem ele acreditou! "Vamos parir, Lorena!!" ele dizia muito surpreso com a velocidade em que tudo estava acontecendo. Fomos rápido pra sala de parto humanizado.
Lá foi necessário administrar antibiótico devido o tempo de bolsa rota e, pra isso, precisei me deitar para a enfermeira preparar minha veia...foi o momento mais doloroso de todos! Fiquei pensando nas mulheres que são obrigadas a parir em posição de litotomia (deitadas). Logo me levantei e voltei pro chuveiro onde fiquei por mais alguns poucos minutos.
Senti uma necessidade gigante de ficar de pé. Me pendurei no meu marido e assim fiquei com minha doula massageando minha lombar e meu quadril pra aliviar as dores e chamando pelo meu filho: "Vem, Rafa!" Nesse momento podia sentir o bebê descendo para o meu quadril e minhas articulações se abrindo cada vez mais. Ele estava chegando! Quando comecei a sentir vontade de fazer força, me sentei no banco de parto, na posição de cócoras, com o apoio do meu marido, e ali fiquei por alguns minutos...até que minha doula pegou um espelhinho e me mostrou que o Rafa já tinha coroado!!
As dores, repentinamente, cessaram e comecei a sentir o "círculo de fogo", uma queimação na vagina. Ali tive certeza que era só fazer uma forcinha e teria o Rafa nos meus braços, e foi o que fiz! Pronto! Quando dei por mim, Dr. Frederico já havia amparado o Rafa e já o entregava pra mim e tudo aconteceu em apenas 3 horas e meia! Havia saído do nada e chegado aos 10 centímetros em apenas 3 horas!!
Com minha preciosidade no colo, cantei pra acalmá-lo, nem acreditava que aquilo estava acontecendo! Era comigo! Era meu parto! Era eu reescrevendo a minha história, resignificando o nascimento do meu primeiro filho! Eu fiquei entorpecida, anestesiada, naquele momento éramos só eu e meu bebéio no mundo, uma felicidade e satisfação sem tamanho! Não fiquei o tempo que queria com o Rafinha no colo, pois tive uma laceração que precisou ser suturada e uma hemorragia, mas tudo aconteceu como tinha que ser, " do meu tamanho" como disse minha doula.
Se senti dor? Muita, a maior dor da vida! Se eu faria tudo de novo? Com certeza!!! Quantas vezes fosse necessário! Parir é sentir a dor da vida, a dor que trará um bem maior, um filho! É tão difícil definir com palavras essa sensação...só posso dizer que sinto saudade de cada minuto dessas 3 horas, de cada contração!
Preciso agradecer à equipe que escolhi para realizar esse sonho: à minha doula Ana Paula que foi um porto seguro nos momentos de fragilidade e fonte de muito conhecimento; meu obstetra Frederico pelas consultas super esclarecedoras, pela disponibilidade sempre e por respeitar o desejo das mulheres de serem protagonistas de seus partos; minha acupunturista Ana Luíza que cuidou de mim durante toda a gestação e foi maravilhosa indo até mim quando mais necessitei. Preciso lhes dizer que tudo só foi possível porque vocês estavam comigo! Gratidão eterna! Equipe certa é tudo!!!
Ao meu marido Gustavo, companheiro há 11 anos, obrigada por embarcar comigo nesse sonho e entender que eu precisava muito passar por esse processo e por vivenciá-lo intensamente comigo.
Me desculpem o textão, mas até acho que esqueci de escrever um tantão de coisas... Poderia passar dias escrevendo e relembrando meu parto.
Monte de beijos!