quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Doula: A mulher que serve outra mulher

Oi!

Uns posts atrás disse que havia voltado pro blog ainda mais ativista e, uma das causas das quais tenho me empenhado em defender é o direito da mulher em ter um parto digno, humanizado, respeitando o protagonismo feminino nesse momento tão nosso, tão especial, então resolvi escrever alguns posts falando sobre esse assunto, já que as pessoas (homens e mulheres) ainda tem tantas dúvidas.

Eu tive uma DOULA nessa segunda gestação e foi a decisão mais acertada que tomei. Para vocês saberem, tive um parto natural, humanizado, hospitalar. Estou terminando de escrever o relato do meu parto e lá vocês entenderão o por que. Mas, para adiantar e esclarecer como é o trabalho dessa profissional, pedi para que a minha SUPER DOULA, Ana Paula Diaz Spina, escrevesse um texto pra nós. 

Leiam porque vale a pena!!


Doula: A mulher que serve outra mulher durante a Gestação, o Parto e o Puerpério. (Por Ana Paula Diaz Spina)

"Se pedirmos às nossas avós e/ou bisavós que nos contem a história de seus partos, certamente ouviremos que o nascimento de seus filhos aconteceram em casa, com a ajuda de parteiras. E se perguntarmos à elas quem, além da parteira, estava na cena do parto, não é incomum perceber a presença de uma irmã mais experiente, da comadre, de uma vizinha próxima, de uma tia muito querida. Essas outras mulheres, rodeavam a gestante em trabalho de parto, oferecendo apoio e conforto. Alimentavam aquela mulher. Ferviam a água que seria usada pela parteira. Ajudavam a cuidar dos filhos mais velhos. Décadas atrás, o parto era considerado um evento familiar e extremamente feminino. Aquelas mulheres se sentiam seguras e protegidas por outras mulheres que já tinham vivido a experiência do parto e da maternidade e se sentiam seguras porque sabiam que podiam contar com elas.

Se por um lado as chamadas parteiras tradicionais entendiam o parto como um processo absolutamente fisiológico, por outro lado, elas também não tinham formação acadêmica e não sabiam intervir em uma situação em que houvesse risco de morte para a mulher e/ou para o bebê. Mulheres que tinham partos que evoluíam fisiologicamente, pariam sem complicações. Mulheres e bebês que apresentavam alguma complicação durante o trabalho de parto, infelizmente ficavam entregues à própria sorte.

Com o tempo, a informação e a tecnologia fizeram com que o parto se tornasse um evento assistido por médicos e o ambiente domiciliar foi substituído pelo ambiente hospitalar. A cesariana passou a ser uma alternativa segura para esse pequeno número de mulheres e de bebês que precisavam de intervenção cirúrgica para o parto e o nascimento. Mas a tecnologia, que deveria ser usada apenas em casos extremos, contribuiu para a medicalização do parto. Surgem elementos, que antes eram estranhos na cena do parto. A maca para partos em posições litotômicas (deitada), fórceps, a ocitocina sintética, a analgesia, manobras, a episiotomia (o corte que é feito na vagina para ampliar o canal vaginal), o jejum. Muitas pessoas desconhecidas.
Desaparecem as parteiras, a liberdade de movimentos, a autonomia, a fisiologia. E também a presença daquelas mulheres que ofereciam segurança e suporte físico e emocional.

A Doula nasce da necessidade de resgatar o passado num presente tecnocrático. Da crença de que o parto, ainda que ele aconteça no ambiente hospitalar, pode ser uma experiência cercada de afeto, de compreensão das necessidades de cada mulher, que ao viver a gestação e ao parir se sente vulnerável pelo atual Sistema, no caso do Brasil, campeão em cesarianas eletivas (cirurgias desnecessárias, agendadas por conveniência médica, na maioria das vezes).

Doulas não substituem obstetra, a enfermeira obstetra ou a obstetriz. Cada personagem tem um papel muito bem delimitado na cena do parto. Nos dias de hoje, as doulas são profissionais treinadas para oferecer suporte contínuo à mulher durante a Gestação, o Parto e o Puerpério.
O papel da Doula durante a gestação é ouvir os desejos de parto de cada mulher para que, informada, aquela família consiga fazer suas escolhas com autonomia. Sem medos.

Durante o trabalho de parto a Doula vai buscar soluções para as necessidades de cada mulher. Medidas de conforto. Medidas não farmacológicas para alívio da dor, como massagens e banhos quentes. Incentivo. Posições que podem ser favoráveis para o parto e confortáveis. A Doula também ajuda o acompanhante (que na maioria dos casos é o companheiro) a entender o processo e o ajuda para que ele também possa ajudar a sua companheira.

No pós-parto, a Doula vai acolher a mulher no puerpério para que ela consiga elaborar sozinha a sua experiência de parto e lidar com todas as transformações de uma mulher que abandona o seu papel de filha e nasce mãe, junto com aquele bebê. A Doula pós-parto também tem um papel importante no que diz respeito ao incentivo à amamentação, um processo que pode ser muito difícil sob vários aspectos para a maioria das mulheres.
 
Em 1993, após estudos que comprovaram todos os benefícios da presença da doula no cenário do parto, o pediatra americano John Kennel afirmou: "Se doula fosse remédio, seria antiético não receitar". 
Pessoalmente, acredito que toda a mulher seja capaz de viver uma experiência positiva de parto, independente de ter ou de não ter uma Doula ao seu lado, mas hoje, mais do que nunca, penso que se faz necessário que as equipes diretamente ligadas a Assistência ao parto entendam e acolham os desejos das mulheres que desejam ter uma Doula.

Oferecer autonomia à mulher significa caminhar rumo a uma assistência verdadeiramente humanizada, em que a mulher se sinta protagonista e autora de sua própria história."


Nessa foto estamos eu parindo, meu marido me apoiando e minha doula massageando minhas costas e quadril.
Monte de beijos!

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